segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mensagem da semana

A importância de se detectar a depressão em crianças

É difícil imaginar que haja, no ensino primário das escolas, crianças depressivas. É ainda mais difícil imaginar uma criança em idade pré-escolar e depressiva ao mesmo tempo. Mesmo sendo cada vez mais fácil de reconhecer e tratar esse transtorno em crianças, apenas recentemente os pesquisadores iniciaram estudos sobre esse mal em crianças com idades inferiores a 6 anos.
 
Em uma pesquisa publicada no periódico Current Directions in Psychological Science, Joan Luby, da Universidade de Washington, EUA, apontou a importância da detecção precoce em crianças.
A pesquisadora aponta que a depressão em crianças com idade pré-escolar não tem as mesmas características encontradas em crianças mais velhas ou mesmo em adultos – talvez por isso esse transtorno seja negligenciado. Em adultos, por exemplo, a anedonia – perda da capacidade de sentir prazer – se reflete principalmente por meio da diminuição ou perda da libido. Nos pré-escolares, entretanto, isso se traduz na incapacidade de gostar de brincar.
Fora isso, os pais dessas crianças também não conseguem enxergar o avanço do transtorno, pois os sintomas não são contínuos. Essas crianças não se mostram extremamente tristes (como acontece com os adultos) e pode até mesmo ter períodos em que os sintomas não se manifestem.
Reconhecimento do transtorno
O reconhecimento desse tipo de depressão é feito por testes específicos aplicados por profissionais de saúde mental. E a partir dessas entrevistas é possível observar os sintomas clássicos de depressão, como falta de vontade de fazer as tarefas diárias, sensação de culpa e mudanças no padrão de sono.
A pesquisa também sugere que a depressão infantil precoce não é uma condição temporária, mas sim a manifestação inicial de um transtorno crônico que pode piorar com o tempo. Estudos anteriores já demonstraram que os pré-escolares depressivos também mostram os traços depressivos mais intensos durante a infância e na adolescência.
Por conta desse efeito em longo prazo, a identificação e a intervenção da depressão infantil precoce é importante. O fato dessas crianças ainda terem uma grande plasticidade cerebral – a potencialidade do cérebro de se adaptar a novas experiências e eventos, é um fator positivo. Intervenções nessa idade costumam ter grande eficiência. E apesar de poucas pesquisas sobre o tema, o uso de antidepressivos ainda é bastante questionado. Nessa idade sugere-se o acompanhamento psicoterápico.
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com informações da Association for Psychological Science
Fonte:http://oqueeutenho.uol.com.br/portal/2010/06/14/a-importancia-de-se-detectar-a-depressao-em-criancas/

Deficiências

Deficiente é aquele que não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

Louco é quem não procura ser feliz com o que possui.

Cego é aquele que não vê o seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para os seus míseros problemas e pequenas dores.

Surdo é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir os seus tostões no fim do mês.

Mudo é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

Paralítico é quem não consegue andar na direcção daqueles que precisam da sua ajuda.

Diabético é quem não consegue ser doce.

Anão é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois a amizade é um amor que nunca morre.

Mario Quintana

sábado, 18 de junho de 2011

Mensagem da semana

Disgrafia

Alteração da escrita que a afeta na forma ou no significado, sendo do tipo funcional. Perturbação na componente motora do ato de escrever, provocando compressão e cansaço muscular, que por sua vez são responsáveis por uma caligrafia deficiente, com letras pouco diferenciadas, mal elaboradas e mal proporcionadas.
De forma geral, a criança com disgrafia apresenta uma série de sinais ou manifestações secundárias motoras que acompanham a dificuldade no desenho das letras, e que por sua vez a determinam. Entre estes sinais encontram-se uma postura incorrecta, forma incorrecta de segurar o lápis ou a caneta, demasiada pressão ou pressão insuficiente no papel, ritmo da escrita muito lento ou excessivamente rápido.

Sinais indicadores:

  • Postura gráfica incorreta.
  • Forma incorreta de segurar o instrumento com que se escreve.
  • Deficiência da preensão e pressão.
  • Ritmo de escrita muito lento ou excessivamente rápido.
  • Letra excessivamente grande.
  • Inclinação.
  • Letras desligadas ou sobrepostas e ilegíveis.
  • Traços exageradamente grossos ou demasiadamente suaves.
  • Ligação entre as letras distorcida.

Problemas associados:

  • Biológicos.
  • Perturbação da lateralidade, do esquema corporal e das funções perceptivo-motoras.
  • Perturbação de eficiência psicomotora (motricidade débil; perturbações ligeiras do equilíbrio e da organização cinético-tónica; instabilidade).
  • Pedagógicas
    • Orientação deficiente e inflexível,
    • Orientação inadequada da mudança de letra de imprensa para letra manuscrita,
    • Ênfase excessiva na qualidade ou na rapidez da escrita,
    • Prática da escrita como atividade isolada das exigências gráficas e das restantes actividades discentes.
  • Pessoais
    • Imaturidade física,
    • Motora,
    • Inaptidão para a aprendizagem das destrezas motoras,
    • Pouca habilidade para pegar no lápis,
    • Adoção de posturas incorrectas,
    • Défices em aspectos do esquema corporal e da lateralidade.

O que pode fazer:

  • Encorajar a expressão através de diferentes materiais (plasticina, pinturas e lápis). Todas as tarefas que impliquem o uso das mãos e dos dedos são positivas.
  • Incitar a criança a recortar desenhos e figuras, a fazer colagens e picotar.
  • Promover situações em que a criança utilize a escrita (ex.: escrever pequenos recados, fazer convites e postais).
  • Fazer atividades como contornar figuras, pintar dentro de limites, ligar pontos, seguir um tracejado, etc.
  • Deixar a criança expressar-se livremente no papel, sem corrigir nem julgar os resultados.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Medicalização de crianças transforma modo de ser em doença

Doenças inventadas
O Brasil vive uma epidemia de diagnóstico de transtorno de déficit de atenção, hiperatividade, transtorno de oposição desafiadora, depressão, dislexia e autismo em crianças e adolescentes.
Entre 5% e 17% de crianças encaminhadas para serviços de especialidades médicas recebem uma receita com medicações extremamente perigosas, como psicoestimulantes, antidepressivos e antipsicóticos.
O remédio tomou conta do processo de educação e atribuiu ao organismo da criança a responsabilidade pelo aprendizado.
Foi isto o que mais de 1.200 profissionais da área da saúde e educadores ouviram em duas sessões realizadas no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Medicalização do modo de ser
Segundo o pediatra Ricardo Caraffa, as crianças acabam sendo diagnosticadas muito rapidamente e de forma errônea sem receber nenhum outro tipo de atenção e análise.
Num esforço de reverter esse quadro, foi realizado em São Paulo, no mês de novembro, um fórum sobre o tema.
Cerca de 450 participantes de 27 entidades assinaram um manifesto no qual afirmam que a aprendizagem e os modos de ser e agir têm sido alvos da medicalização, transformando as crianças em consumidores de tratamentos, medicamentos e terapias.
"A venda de medicamentos à base de metilfenidato aumentou 1.000 por cento nos últimos anos. São dois milhões de caixas por ano. Esse número é muito expressivo", explicou Caraffa.
Diferenças pessoais, não doenças
Para a pediatra, professora e pesquisadora da Unicamp, Maria Aparecida Affonso Moysés, existem doenças e problemas de saúde que podem interferir com o desenvolvimento cognitivo e afetivo das pessoas.
Existem pessoas que aprendem com mais facilidade que outras e existem pessoas tranquilas, calmas, apáticas, agitadas, empolgadas e mais agressivas.
E entre os extremos há infinitas possibilidades.
Ainda segundo Moysés, existem diferentes modos de aprender e lidar com que já foi aprendido e cada um estabelece os seus próprios processos cognitivos e mentais para aprender.
"Cada ser humano é diferente do outro. Quais são as evidências científicas que comprovam que doenças biológicas e psiquiatras comprometem exclusivamente a aprendizagem?", questionou a pesquisadora que desenvolve um trabalho juntamente com Cecília Colares, da Faculdade de Educação, sobre déficit de atenção.
Retrocesso
Para a psicóloga da USP Marilene Proença Souza, a criança brinca, faz birra, chora e tenta impor sua vontade.
Mas, hoje em dia, quando ela corre um pouco mais é dita como hiperativa, se fala muito é rotulada de desatenta, e se troca letras no processo de alfabetização - o que é esperado - dizem que ela tem dislexia.
Segundo Marilene, ao diagnosticar a criança com algum distúrbio, a sociedade está deixando de considerar todo o processo de escolarização que produz o não-aprender e o não-comportar-se em sala de aula.
"Do ponto de vista da psicologia da educação, estamos vivendo um retrocesso. Estamos culpando a criança por não aprender e medicando-a. O remédio não pode ocupar o lugar da escola e da família. Se assim for, estamos invertendo valores do campo da saúde, da educação e da psicologia com relação ao desenvolvimento infantil e deixando de usar todos os instrumentos pedagógicos no início do processo de alfabetização", disse Marilene.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Alicia Fernández: "Aprendizagem também é uma questão de gênero"

Para a psicopedagoga argentina, as dificuldades da criança em sala de aula têm relação com os papéis atribuídos a homens e mulheres

Cristiane Marangon mailto:novaescola@atleitor.com.br, de Montevidéu (Uruguai)


ALICIA FERNANDEZ"  Não é permitido
ao professor, por exemplo, agir com
ternura, criatividade e sensibilidade".
Uma questão despertava a atenção da psicopedagoga argentina Alicia Fernández na década de 1980. A maioria dos casos relacionados a dificuldades escolares que chegavam ao consultório dela se dava com meninos e não com meninas.Um estudo realizado entre 1986 e 1989, com crianças e jovens menores de 14 anos, comprovou uma observação: 70% deles eram do sexo masculino. A constatação de que o cenário se repetia em outros países estimulou a investigação sobre o assunto. O resultado está no livro A Mulher Escondida na Professora, que discute o papel feminino na Educação. Com 63 anos, a diretora da Escola Psicopedagógica de Buenos Aires presta serviços de consultoria a instituições de formação em seu país e também no Uruguai, em Portugal, na Espanha e no Brasil. “Sinto que sou um pouco nômade”, afirma. Atualmente, ela desenvolve pesquisas sobre hiperatividade e déficit de atenção na infância, problemas que cada vez mais são identificados, inclusive no Brasil.
Nesta entrevista, concedida à NOVA ESCOLA no Uruguai, Alicia explica que esses distúrbios são reflexos do comportamento da sociedade, permeado pelas questões de gênero, e não algo que aparece de forma espontânea e isolada em cada um dos alunos.

Por que relacionar as questões de gênero à aprendizagem?
ALICIA FERNÁNDEZ Percebi que a maioria das crianças que chegava para o atendimento psicopedagógico em meu consultório era de meninos. Achei que essa observação merecia uma pesquisa. Procurei estatísticas em outros países e constatei a mesma situação. Ainda hoje, de 75 a 80% dos pacientes encaminhados para o atendimento desse tipo são do sexo masculino.Para entender melhor a questão, comecei a analisar as famílias e percebi que em casa a figura feminina (mãe, avó, babá, irmã mais velha, tia etc.) era a responsável pelas primeiras descobertas dos pequenos.

Como a orientação feminina interfere na aprendizagem dos meninos? ALICIA Considerando que os humanos aprendem por identificação, é possível imaginar como é difícil para um garotinho ser ensinado por uma mulher a fazer xixi usando o vaso sanitário,por exemplo. Ela não é um modelo para ele porque não age da mesma maneira. Isso se repete na escola, onde a maioria é de professoras. Sempre queremos nos parecer com quem ensina e é por isso que para os meninos é mais complexo dar uma significação prazerosa ao conhecimento.

Como se explicam, então, os problemas escolares apresentados pelas meninas em sala de aula?
ALICIA Com as garotas, o caso é outro. As dificuldades delas ficam escondidas porque o modelo que se tem de bom aluno é aquele que não questiona, é quieto, obediente, passivo e caprichoso nas atividades. Elas, em geral, reúnem essas características e, por isso, são valorizadas. Esses critérios de avaliação são criados por mulheres, que não consideram as questões de gênero presentes na sociedade. Se esse processo fosse encabeçado por homens, a situação seria diferente porque eles levam em conta outras coisas, como a espontaneidade e a ousadia.Porém o problema não se resolveria se eles também não pensassem nessa dicotomia.

Quais as principais queixas em relação aos estudantes encaminhados aos consultórios psicopedagógicos? ALICIA Os meninos apresentam hiperatividade e as meninas são diagnosticadas com distúrbios de atenção – estão sempre dispersas e não se concentram. Ambos os casos levam à dificuldade de aprendizagem e são considerados questões de gênero. Quando falamos de crianças, o maior número de pacientes é do sexo masculino, mas a proporção se equipara quando nos referimos aos adolescentes. Isso acontece porque eles, de modo geral, questionam tudo e todos.É assim que constroem o seu pensamento. Se a garota foi reprimida na infância, podem se manifestar durante sua adolescência distúrbios como anorexia e bulimia. Ela não se permite comer para se satisfazer ou come e sente necessidade de vomitar. É como se não tivesse direito de se apropriar do alimento. Essa mesma lógica ocorre em relação ao conhecimento.

Cabe ao professor desenvolver um trabalho intencional sobre gêneros?
ALICIA Eu afirmaria que sim se não tivesse medo de isso se transformar numa técnica, ou seja, o educador falar sobre o assunto duas horas por semana e nada mais.O assunto é para ser trabalhado de maneira transversal, com constância, nas mais diferentes disciplinas.É preciso, por exemplo, corrigir alguns textos que se encontram nos livros de História, como: “Os egípcios moravam na beira do rio Nilo. Suas mulheres...” O texto não diz claramente que as mulheres são propriedade dos homens, mas sutilmente sugere que a palavra egípcios, no trecho, não se refere ao povo como um todo. Essas mensagens subliminares são profundas e perigosas, pois criam um modo de pensar. É necessário excluir isso das aulas.

Cite outras situações de preconceito em relação à mulher.
ALICIA Quando procuramos as palavras homem e mulher em dicionários espanhóis e brasileiros, encontramos embaixo da primeira a seguinte definição: “homem público, indivíduo que ocupa um alto cargo do Estado”. Já mulher pública é definida como prostituta, meretriz. Isso está em publicações que, se supõe, falam de conceitos e não de mitos. A professora é uma pessoa pública, uma cientista, importante na vida da comunidade. Outro exemplo de problema relacionado ao gênero: as carreiras de caráter feminino demoram mais para serem reconhecidas. Isso acontece especificamente no Brasil com a Psicopedagogia, em que a maioria dos profissionais é mulher e – diferentemente do que ocorre na Argentina – ainda não é regulamentada.

Pesquisas indicam que muitos educadores atribuem dificuldades de aprendizagem dos alunos a uma condição social desfavorável.
ALICIA Não acredito nisso. Na Argentina, no sul da Patagônia, trabalhei com psicopedagogos e docentes numa comunidade indígena. Havia a idéia de que o povo que ali vivia não aprendia. Quando a história dessa comunidade começou a ser explorada, descobrimos que no passado os índios tinham muito conhecimento na área da saúde. Com isso, ficou claro que antes eles não aprendiam porque precisavam esconder suas origens e, assim, se adequarem aos nossos padrões. Alguns deles foram matriculados em escolas regulares argentinas e alcançaram notas altas nas avaliações, ficando entre os 10% com melhor desempenho dentro da capital federal. Esse exemplo comprova que se reconhecermos que, o outro é inteligente, independentemente
de raça, classe social e sexo, grande parte
das dificuldades deles desaparece.

Como as questões de gênero influenciam a profissão docente?
ALICIA Os sistemas educativos estão organizados conforme as sociedades patriarcais e, por isso, aspectos da singularidade dos gêneros são negados ou exibidos com excesso, quase como em uma caricatura.

Esses estereótipos prejudicam os docentes e, sem dúvida, os estudantes. O que o homem deixa de lado quando se dedica ao magistério?
ALICIA Às vezes, ele é o único dentro de um grupo grande de mulheres. Por isso, pesa sobre ele a responsabilidade do sexo masculino, ou seja, ele é visto como o grande pai. Quando é preciso chamar a atenção de um aluno, delegam essa função a ele – que não pode se constituir em um modelo de masculinidade como deseja. Não é permitido ao professor, por exemplo, agir com ternura, criatividade e sensibilidade. Se ele assume esse lado, vira motivo de chacota.

E a mulher, o que esconde? ALICIA As próprias idéias. Ela não discute opiniões e tem medo de publicar algo que escreveu. Não é à toa que 90% dos docentes são do sexo feminino e a quantidade de livros publicados por homens é muito maior.Na maioria dos países que pesquisei, cerca de 80% das publicações desse tipo são de homens.

Como mudar essa situação?
ALICIA Para que as mulheres se autorizem em público, é preciso que elas estejam dispostas a enfrentar quem não concorda com elas. Não é fácil. É necessário tempo para que isso aconteça, pois elas foram preparadas para estarem sempre sorridentes e submissas às imposições. Há trabalhos extraordinários que as professoras fazem e que deveriam se tornar públicos. Entretanto, elas não se animam a escrever suas experiências. Muitas dizem que são a única a pensar de forma diferente na escola. Então, pergunto: “Você já socializou suas idéias com colegas?” Geralmente a resposta é não.Nesse momento, digo que é possível existirem mais duas ou três que compartilham as mesmas opiniões e, juntas, elas poderiam ganhar força nesse questionamento.Por outro lado, há mulheres que quando querem se impor carregam na caricatura do sexo oposto. Elas são ouvidas, mas ficam com a imagem de agressivas e violentas. Esse não é um bom modelo nem para os alunos nem para a sociedade.

Essa falta de autoria tem a ver com as experiências na infância?
ALICIA Sim. A mulher que não se expõe é reflexo da menina que teve de esconder o que pensava, pois suas perguntas nunca eram consideradas apropriadas e as respostas sempre estavam incorretas. Com isso, deixou de questionar o mundo ao redor e passou a registrar tudo em um diário que ninguém pudesse ler. Essa é uma prática comum e exclusivamente feminina.Quando trabalho a psicopedagogia com adultas, proponho o resgate da garotinha que elas já foram um dia para que voltem a se permitir fazer perguntas, conhecer, descobrir e serem espontâneas. Defendo que nunca nos esqueçamos da criança e do adolescente que fomos no passado.

Como não minar o espírito infantil que há em cada aluno?
ALICIA Geralmente, na passagem da préescola para o 1o ano, parte das atividades comuns na Educação Infantil é deixada de lado para que se foque mais nos conteúdos escolares. Com isso, a mensagem passada é que a vida mudou e é necessário assumir afazeres mais importantes. Artistas, poetas, escritores e mesmo os cientistas – autores de grandes invenções para a humanidade – guardam a essência do brincar.Nenhum desses profissionais seria bem-sucedido se não tivesse viva a criança interior, que é questionadora. Os educadores podem ajudar a mudar muito a sociedade nesse sentido. Claro que é um trabalho demorado, mas é profundo porque ele está em contato com seres que são frágeis e aprendem por meio de referências.

De que maneira um mestre pode se tornar um modelo?
ALICIA Sempre nos lembramos daqueles que ensinavam com entusiasmo e dos que tinham senso de humor.Nunca nos remetemos a eles como alguém que lecionava bem. Quando se alfabetiza, por exemplo, se ensina o amor pela leitura e não só o ato de ler. Se o aluno aprende apenas a técnica, não vira um bom leitor. Quando um mestre desempenha sua função com esse grau de qualidade, deixa para trás qualquer problema relacionado à questão de gênero.
Quer saber mais?
BIBLIOGRAFIA
A Inteligência Aprisionada
, Alicia Fernández, 264 págs., Ed. Artmed
A Mulher Escondida na Professora, Alicia Fernández, 182 págs., Ed. Artmed,
O Saber em Jogo, Alicia Fernández, 184 págs., Ed.Ar tmed
Os Idiomas do Aprendente, Alicia Fernández, 224 págs., Ed. Artmed
Psicopedagogia em Psicodrama, Alicia Fernández, 208 págs., Ed. Vozes,
INTERNET
Acesse http://www.epsiba.com/ e leia em espanhol artigos de Alicia Fernández

terça-feira, 14 de junho de 2011

O que faz um padrasto se tornar um pai?

Vínculo com o padrasto 
Jovens que não chegaram a conhecer ou não tiveram relação próxima com seus pais biológicos ficam mais propícios a criar um laço paternal com seus padrastos.
Além disso, a perspectiva que o filho tem do relacionamento de sua mãe com seu padrasto é a variável que, frequentemente, é levada em conta na avaliação de sua relação com o novo parente, definindo-a como positiva ou negativa.
Avaliando esse tipo de estrutura familiar, o psicólogo Felipe Watarai percebeu que, pela natureza em geral exclusivista do vínculo parental (só se tem um pai, assim como uma só mãe), chamar um padrasto de 'pai' não está associado apenas à relação que o enteado tem com o padrasto, mas também à que ele tem com seu pai biológico.
Destituição do pai
Entrevistando 11 jovens com idade entre 14 e 20 anos, o pesquisador avaliou como era a relação desses adolescentes com seus padrastos, assim como com demais parentes.
Em três dos casos analisados, as mães não tiveram uma relação estável com o genitor dos filhos.
O psicólogo explica que morar em uma mesma casa, de modo geral, tem a força simbólica de criar relações de parentesco próximas. "A vida e a relação ao lado do padrasto gera uma proximidade que pode destituir o pai biológico do seu papel original", diz Watarai.
Padrasto é parente?
Um dos aspectos visto pelo pesquisador que oferece maior complexidade nos relacionamentos dessas novas famílias é a dificuldade em definir o parentesco entre as pessoas.
Os filhos do padrasto também podem passar a conviver com os filhos de sua nova companheira, colocando um elemento novo na relação, mas não necessariamente complicador.
"O vínculo criado por essa convivência, entre esses 'quase-irmãos' pode ser equiparado ao vínculo fraternal, como entre irmãos consanguíneos. Apesar de não haver um nome que defina o relacionamento 'de fato' entre esses irmãos de criação, eles se chamam de 'irmãos', em geral quando moraram juntos em uma mesma casa.
"Chamar um 'quase-irmão' de 'irmão' acontece mais frequentemente e mais facilmente do que chamar um 'padrasto' de 'pai', pelo fato de a natureza do vínculo fraternal não ser exclusivista: chamar um 'quase-irmão' de 'irmão' não destitui um outro irmão de sua posição," explica o pesquisador.
Avaliação do padrasto
Em suas entrevistas, Watarai percebeu que a descrição que os enteados fazem do padrasto não foi homogênea e linear ao longo dos relatos.
Assim, num momento os enteados podem avaliar o padrasto como um parente sem importância, especialmente quanto à autoridade que ele não tem sobre eles.
Porém, ao serem perguntados sobre a relação do padrasto com sua mãe, a percepção de que, em boa parte dos casos, ela é positiva, faz com que os adolescentes reavaliem o que disseram anteriormente, o que mostra a dificuldade em compreender o papel desse novo parente na família.

Hábito da leitura cresce entre crianças e jovens brasileiros


Esperança           
As crianças e os adolescentes brasileiros estão lendo mais.
O diagnóstico foi revelado durante o 13ª Salão Nacional do Livro Infantil e Juvenil, no Rio de Janeiro.
De acordo com pesquisa divulgada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), do total de 12 mil títulos novos lançados no país em 2010, cerca de 2,5 mil foram direcionados a crianças e adolescentes.
"A própria produção é uma comprovação de que as nossas crianças e jovens estão lendo mais", disse Ísis Valéria Gomes, diretora da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
Literatura infanto-juvenil
O presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), Ednilson Xavier, disse que a parte destinada à literatura infanto-juvenil já representa cerca de 15% do faturamento das lojas.
Levantamento feito em 455 livrarias de todo país mostra que as vendas do setor cresceram 9,6% em 2010 em relação ao ano anterior, refletindo a expansão da economia nacional. Ele ressaltou que a área infanto-juvenil lidera o ranking em termos de crescimento de vendas no ano passado.
Para Xavier, a tendência é que o hábito da leitura do público infanto-juvenil seja crescente. "Não tenha dúvida. Há, nesse aspecto, a constatação do mercado editorial de que os livros nessa área, a cada ano, se tornam mais atrativos".
A ANL está elaborando pesquisa sobre o livro no orçamento familiar, que será divulgada em agosto, durante a 21ª Convenção Nacional das Livrarias.
Hábito da leitura
Na opinião de Ísis Valéria Gomes, o hábito da leitura é fundamental não só para ampliar o conhecimento mas, inclusive, para a formação da cidadania. "A criança que começa a ler desde pequena segue lendo depois. Não existe postura cidadã sem que você seja um leitor".
Segundo ela, a criança e o jovem brasileiros são penalizados em função do analfabetismo funcional, que exclui as pessoas do conhecimento. "Mas, entre as crianças que leem, a leitura vem aumentando muito. E o consumo [de livros] também, inclusive entre os adolescentes".
Livros eletrônicos
A diretora da FLNIJ observou que o governo federal já desonerou impostos sobre os livros eletrônicos (e-book).
Ela avaliou, porém, que, para que o livro digital chegue às camadas da população de menor poder aquisitivo, são necessárias novas ações, uma vez que esses livros são ainda muito caros, custam cerca de R$ 1,8 mil.
Ela disse, também, que é preciso garantir a qualidade dos textos impressos oferecidos ao público infanto-juvenil. "Isso é alguma coisa que precisa ser vigiada, do ponto de vista de se oferecer coisa boa aos adolescentes e às crianças".
A experiência da Fundação German Sanchez Ruiperez, de Salamanca, na Espanha, foi apresentada durante o encontro nacional de livreiros. A instituição aposta na alfabetização digital para crianças a partir de cinco anos de idade, onde os menores convivem com o aprendizado simultâneo no computador e no livro impresso.

sábado, 4 de junho de 2011

Mensagem da semana

 

FILHOS SÃO COMO NAVIOS!

Ao olhar um navio no porto, imaginamos que ele esteja no lugar mais seguro.
Entretanto, ele está em preparação e abastecimento para se lançar ao mar, ao destino para o qual foi criado, indo ao encontro das próprias aventuras.
Dependendo do que a natureza lhe reserva, poderá desviar-se da rota, traçar outros caminhos ou procurar outros portos.
Certamente regressará mais experiente pelas experiências adquiridas e enriquecido pelas diferentes culturas percorridas. E haverá gente no porto, feliz, à sua espera.
Assim são os FILHOS.
Estes têm nos PAIS, o seu porto seguro.
Por mais segurança e sentimentos de protecção que possam sentir junto aos seus pais, eles nasceram para singrar os mares da vida, correr os seus próprios riscos e viver os seus próprios empreendimentos.
Na certeza de que levarão consigo os exemplos dos pais, os conhecimentos aprendidos...
Porém, a proverbial provisão estará no interior de cada um:
A busca de encontrar a verdadeira felicidade.
No entanto, não há felicidade pronta, algo que possa ser herdado, doado ou transmitido.
Felicidade é uma conquista pessoal.
O lugar mais seguro onde o navio pode estar é no porto. Mas ele não foi feito para permanecer ali.
Alguns pais pensam que serão, eternamente, o porto seguro dos filhos, esquecendo-se de os preparar para navegar e encontrar o seu próprio lugar, onde poderão sentir-se seguros, felizes e convictos de que, em outro tempo, deverão ser porto para outras pessoas.
Ninguém pode traçar o destino dos filhos.
Porém, todos devem estar conscientes de que estes devem levar na sua bagagem VALORES herdados, tais como:
HUMILDADE,
HONESTIDADE,
DISCIPLINA,
RESPEITO,
DILIGÊNCIA,
PERSEVERANÇA,
CORAGEM,
GRATIDÃO
E GENEROSIDADE.
Filhos nascem para se tornar um dia CIDADÃOS NESTE MUNDO.
Os pais podem desejar o sorriso dos filhos, mas não podem sorrir por eles.
Podem contribuir para a felicidade dos filhos, mas não podem ser felizes por eles.
Os pais não devem manipular os passos dos filhos nem estes, repousar sobre as conquistas paternas.
Entretanto, para isso, precisam ser preparados e amados, na certeza de que:
“QUEM AMA EDUCA”

COMO É DIFÍCIL SOLTAR AS AMARRAS...
Içami Tiba

Disortografia

A disortografia pode ser definida como o conjunto de erros da escrita que afectam a palavra mas não o seu traçado ou grafia. A disortografia é a incapacidade de estruturar gramaticalmente a linguagem, podendo manifestar-se no desconhecimento ou negligência das regras gramaticais, confusão nos artículos e pequenas palavras, e em formas mais banais na troca de plurais, falta de acentos ou erros de ortografia em palavras correntes ou na correspondência incorrecta entre o som e o símbolo escrito, (omissões, adições, substituições, etc.).

Sinais indicadores:

  • Substituição de letras semelhantes.
  • Omissões e adições, inversões e rotações.
  • Uniões e separações.
  • Omissão - adição de “h“.
  • Escrita de “n“ em vez de “m“ antes de “p“ ou “b“.
  • Substituição de “r“ por “rr“.

Problemas associados:

Perceptivos:

  • Deficiência na percepção e na memória visual auditiva
  • Deficiência a nível espácio-temporal (correcta orientação das letras), discriminação de grafemas com traços semelhantes e adequado acompanhamento da sequencia e ritmo da cadeia falada.

Linguístico:

  • Problemas de linguagem – dificuldades na articulação
  • Deficiente conhecimento e utilização do vocabulário

Afectivo-emocional:

  • Baixo nível de motivação

Pedagógicas:

  • Método de ensino não adequado, (utiliza frequentemente o ditado, não se ajusta à necessidades diferenciais e individuais dos alunos, não respeitando o ritmo de aprendizagem do sujeito).

O que pode fazer:

  • Encorajar as tentativas de escrita da criança, mostrar interesse pelos trabalhos escritos e elogiá-la.
  • Incitar a criança a elaborar os seus próprios postais e convites, a escrever o seu diário no final do dia como rotina.
  • Chamar a atenção da criança para as situações diárias em que é necessária a utilização da escrita.
  • Incite a criança a ajudá-la na elaboração de uma carta.
  • Não valorize demasiado os erros ortográficos da criança uma vez que estes já são motivo de repreensão e frustração demasiadas vezes.
  • Não corrija simplesmente os seus erros mas tente antes procurar a solução com a criança (ex.: "qual a outra letra que podemos usar para fazer esse som?").
  • Recorra a livros de actividades que existem no mercado que permitem à criança trabalhar os vários casos de ortografia.
  • Não sobrecarregue, contudo, a criança com trabalhos e fichas que a cansem demasiado e a levem a ver as actividades académicas como desagradáveis. Também é preciso brincar.

Estudo com textos

A leitura é fonte de enriquecimento, de realização pessoal e de prazer. È ainda um processo dinâmico, é integração e, por isso um dos agentes responsáveis pela modificação do comportamento. É saber compreender, assimilar, julgar, raciocinar, interpretar, é encontrar soluções para problemas apresentados. È ainda extrair da pagina impressa todo o conhecimento, toda a satisfação, toda a riqueza que a leitura possa proporcionar. “vemos com os nossos olhos, nossas emoções”.



O estudo com textos como está sendo sugerido, é uma tentativa de orientação para o professor trabalhar em sala de aula, com as mais diversas disciplinas do currículo escolar.


Esta manipulação do texto é a própria forma de ensinar o aluno a estudar. Através dela o aluno à medida que exercita a reflexão impregna-se do conteúdo, chegando mesmo a decorar o texto sem perceber.

Ensinar a ler hoje, não seria o mesmo que ensinar a ler ontem.
Antigamente, a preocupação máxima era a decifração de símbolos. Consistia somente em visualizar palavras e expressões impressas e pronuncia-las com correção. Faltava um motivo, um objetivo, algo que despertasse o interesse do aluno e que contribuísse para o seu desenvolvimento. Quase sempre o leitor nem sabia dizer o que tinha lido. Não pensava sobre o texto, passava os olhos, e enunciava as palavras apenas mecanicamente.

Hoje a função da escola, é ajudar o aluno a se comunicar melhor, desenvolvendo todas as suas potencialidades de raciocínio, de sensibilidade, de criatividade e imaginação, ajudando-o a expressar-se como pessoa que sente, pensa e age. Expressar bem as ideias, assim como criticar as mensagens recebidas, tornou-se uma necessidade básica na nossa sociedade.

A leitura é fonte de enriquecimento, de realização pessoal e de prazer. È ainda um processo dinâmico, é integração e, por isso um dos agentes responsáveis pela modificação do comportamento. É saber compreender, assimilar, julgar, raciocinar, interpretar, é encontrar soluções para problemas apresentados. È ainda extrair da pagina impressa todo o conhecimento, toda a satisfação, toda a riqueza que a leitura possa proporcionar. "vemos com os nossos olhos, nossas emoções".
A leitura compreensão, a leitura como processo de pensamento, leitura que envolve olhos, cérebro e emoções, só se estrutura pelo método que forma simultaneamente hábitos, atitudes e habilidades.

Portanto para ler com eficiência, as mensagens escritas, o aluno precisa de determinados automatismos, determinadas habilidades e atitudes. Precisa ser um leitor que interpreta, julga e critica as mensagens escritas, reflete sobre a matéria lida, distinguindo fatos de opiniões.

Professores estão sempre se queixando da leitura de seus alunos, e frequentemente observam as dificuldades que muitos de seus alunos encontram para interpretar os textos que lhes são indicados para estudo. Faltam as habilidades necessárias que são importantes para a compreensão do que está sendo lido, como sejam habilidades para identificar as varias fontes de informações, compará-las e selecioná-las; habilidades paralelas de escrita, como destacar e anotar o essencial, esquematizar informações, fazer um resumo, preparar um roteiro para um estudo, e, muitas outras são empregadas com frequência de maneira insatisfatória.

Mesmo na vida prática, é comum encontrarmos pessoas que completaram o ensino fundamental e não sabem tirar proveito da leitura de um jornal, de uma revista, de um romance, têm dificuldade para acompanhar direções escritas, não assimilam os termos de uma ordem de serviço, etc.

Hoje sabemos que isto não é leitura. O estimulo foi apenas levado ao cérebro, mas a leitura não se dá neste momento em que os olhos percebem os símbolos gráficos; os estímulos são enviados a mente que reage a eles e apenas os reconhece.

A leitura só se dará quando a mente reagir aos sinais, interpretando-os. Cada leitor adquire um ritmo próprio de leitura, de acordo com suas condições individuais, com os motivos que possuem, com as oportunidades de leitura que tiver e com o grau de dificuldades da matéria que está sendo lida.

Não basta o aluno reconhecer apenas os símbolos gráficos, pronunciá-los corretamente, é necessário, que interprete, analise, critique, e avalie etc. o que leu.
É importante que o aluno também seja iniciado no processo de saber viver o que leu, se identifique com personagens, imagens, diálogos, etc.

O processo interpretativo da leitura aponta para quatro componentes que são fundamentais:

1) Percepção, o reconhecimento do símbolo gráfico, a associação do símbolo a palavra que representa.

2) Compreensão, quando os olhos dão um significado aos símbolos gráficos, relacionando-os com sua própria experiência.

3) Reação, tanto intelectual quanto emocional; os alunos devem não apenas ler o texto, mas reagir intelectual e emocionalmente diante dos fatos e atitudes dos personagens, criticando-os, analisando-os e avaliando.

4) Integração, que diz respeito ao crescimento dos alunos, acrescentando novas ideias às que já possuíam anteriormente.

O aluno que, ingressa na vida escolar, já iniciou informalmente a aprendizagem da língua, quando participam das múltiplas situações de comunicação em que o lar e a comunidade o oferecem, ora como receptor, ora como emissor.
À medida que os anos passam, o aluno vai adquirindo mais independência na leitura, e seu domínio depende não apenas das palavras lidas, mas, sobretudo da acuidade intelectual, da sensibilidade e da experiência, para apreender o sentido da página impressa.

A aprendizagem da leitura não atinge seu total desenvolvimento nesta ou naquela série. O aperfeiçoamento do ato de ler é um processo continuo e crescente que se consolida a medida que é exercitado.

Na 1ª Série, o aluno se encontra no "estágio de operações concretas", e então dará realce aos aspectos imediatos do seu linguajar, pois ele consegue estruturar, somente aquilo que corresponde a sua vivência presente. Logo, a linguagem usada nesta fase, deve estar bem relacionada com a que ele já vem trazendo do lar. .

Nesta fase também, o aluno dedica maior tempo com o aprender a ler, com a aquisição de automatismos, aumentando seu vocabulário básico visual e desenvolve sua capacidade de reconhecer palavras novas pelo contexto, pela associação, pela análise detalhada de palavra.

Um dos principais objetivos do "estágio de operações concretas" é fazer o aluno compreender o que é leitura. Ajudá-lo a perceber a relação existente entre a palavra impressa e a falada. Colocando o aluno em contato com símbolos escritos, ainda que não tenhamos o intuito de ensiná-lo a ler, estaremos proporcionando a ele oportunidade de conhecer pedaços de sentenças, expressões e palavras que tivermos o cuidado de repetir muitas vezes. É a leitura incidental que surge espontaneamente do contato com os símbolos.

Muito importante para ser discutido com o professor nesse estágio inicial da leitura, se refere ao método que deve ser utilizado para que o aluno seja iniciado no processo de leitura. Qualquer método pode conduzir a aprendizagem da leitura. A diferença entre eles está na maneira como o processo é desenvolvido, levando a aquisição das habilidades, dos hábitos e das atitudes desejáveis, em leitura. Não há método puro e nem especial para o aluno aprender a ler professor! Não há método perfeito. Todos os métodos sintéticos chegam à análise, e os analíticos chegam à síntese.

Nenhum método atende a todas as necessidades de todos os alunos e nem mesmo a todas as necessidades de um aluno apenas. Assim discutido, o professor não deve ser escravo de um determinado método oficialmente adotado, mas deve estar sempre em busca do melhor, mais adequado e eficaz, para seu aluno.

Na verdade enquanto o aluno constrói a leitura e a escrita, o professor constrói a sua competência. Eu sempre costumo dizer que o melhor método é aquele que o professor tem segurança, que acredita, e que possa no final chegar ao objetivo desejado, que é o aluno aprender a ler.
Professor, se ensinar a ler e a escrever fosse tarefa fácil, não estaríamos até hoje procurando vencer este desafio, buscando novas teorias, novas formas pedagógicas de ensinar.

Um outro aspecto que desejo discutir com o professor é em relação ao contato inicial que o aluno deve ter com o livro. Deixe o aluno manusear e folhear o livro para descobrir suas características gráficas, como ilustrações, número de páginas, capa, as cores, etc. Uma conversa dirigida com o aluno a respeito do nome do livro: o que acham desse nome, o autor que escreveu o livro, (quem é, se já ouviu falar, se sabe onde mora, se tem outros livros escritos, etc.).

Em relação ao prefácio, o professor deve fazer uma leitura, enquanto os alunos acompanham, "mesmo que eles ainda não saibam ler, mas pode criar uma expectativa pelo o que está escrito." Comentando o que é prefácio, a mensagem do autor, o que entenderam, o que não entenderam etc.
Esse contato inicial é importante como motivação, pois desperta a curiosidade do aluno e o consequente interesse em ter um contato mais próximo e contínuo com o livro.

Na 2ª Série, começa a fase de desenvolvimento das habilidades e atitudes. O aluno vai se firmar naquilo que obteve na 1ª série, e na compreensão do que está sendo lido. Esta compreensão constituirá o alicerce para a leitura informativa e recreativa.

Na 3ª Série, o aluno atinge o estágio de desenvolvimento de leitura, começa a ler com compreensão grande variedade de materiais, inicia o processo de ler independentemente para buscar informações e prazer, sendo motivado pela curiosidade, dúvidas e problemas.

O aluno habituado desde cedo a busca de informações ou a pesquisa em diversas fontes bibliográficas vai adquirindo de maneira gradativa as habilidades necessárias, e desenvolvendo o hábito e gosto de estudar sozinho. Quando essas experiências são realizadas com frequência dentro ou fora da sala de aula, o aluno vai descobrindo a emoção e os encantos que a leitura pode proporcionar.

Na 4ª Série, o aluno é iniciado no estágio  rápido e velocidade da leitura. Aqui o aluno deverá ler uma diversidade de material de leitura para pesquisar, para analisar, para selecionar e sintetizar informações.
Deverá ler para divertir-se e encontrar soluções para os problemas relativos às outras disciplinas do currículo, sempre, porém orientado e mediado pelo professor.

Os textos indicados para os alunos na faixa etária de nove, dez ou onze anos de idade aproximadamente, devem ser simples, mas atraentes e que dinamizem os interesses dessa idade exigente e curiosa.
As preferências por estórias, aventuras e ficções, ultrapassam os limites da idade cronológica, para buscar nos textos lidos o deleite para sua imaginação. A escola deve proporcionar a leitura de textos bastante diversificados, como textos de jornais, revistas, textos literários, poesias, textos apresentando propagandas, textos de divulgação científica, textos jornalísticos, textos teatrais, textos apresentando literatura de cordel, etc.

O livro básico, usado como meio poderoso para transmitir mensagens e conhecimentos linguísticos deve também recrear, inspirar o aluno para o desenvolvimento da criatividade e conter, sobretudo elementos psicológicos que atendam os interesses do pequeno ledor.

Chegando ao final da 4ª Série, o aluno deverá ser capaz de comunicar-se melhor, recebendo e transmitindo mensagens, utilizando a leitura como meio para enriquecer suas experiências, corrigindo as falhas linguísticas, divertindo-se, estimulando a criatividade e encontrando soluções para os problemas relativos as outras disciplinas.

Nas séries seguintes, o aluno adquire "independência, rapidez, velocidade e domínio na leitura". Domínio não só da decifração e análise de palavras, mas da própria leitura, o que implica compreensão e interpretação do contexto.
Muitas situações da vida exigem leitura rápida, como por exemplo, legendas de filmes e textos os mais diversos que passam rapidamente diante dos olhos.

O professor deve ajudar o aluno a melhorar essa velocidade, fazendo-o ler com bastante frequência e melhorando sua habilidade em perceber todos os elementos significativos. É importante que o aluno se torne capaz de extrair das mensagens escritas, toda a sua significação e, mais ainda, se habilite a interpretar os propósitos e as intenções do autor, para que cultive o gosto pela leitura e chegue a valorizá-la a ponto de considerá-la uma necessidade permanente.

A leitura está intimamente relacionada com o crescimento integral do ser humano, é fator preponderante na formação do cidadão, de êxito na escola, e de ajustamento à vida de todos os dias.
Alguns fatores que interferem na  aprendizagem da leitura:
* Fatores psicomotores;
* Baixo nível mental dos alunos que chegam à escola;
* Fatores ambientais; saúde física e emocional;
* Pouca maturidade emocional, social, cultural, etc., provocando um desequilíbrio múltiplo, interferindo profundamente no convívio com outros alunos;
* Baixo desenvolvimento anátomo-fisiologico;
* Pouca experiência trazida do lar para a escola. Alunos de um meio sociocultural menos favorecido apresentam um desenvolvimento linguístico insuficiente, e, poucas habilidades para o desenvolvimento da capacidade de pensar;
* Alunos subnutridos. A desnutrição causa sérios prejuízos ao sistema nervoso central e afeta o desenvolvimento das habilidades;
* Problemas de deficiência auditiva e visual;
* Desordens emocionais e psíquicas;
* Carência afetiva, frustrações, elaboração não adequada de situações emocionais vividas, hiperatividade, desatenção;
* Pouco relacionamento professor/aluno;
* A incompetência da instituição escolar no desempenho do seu papel social;
* O grau de abertura que o professor oferece as perguntas e indagações dos alunos;
* Falta de uma boa proposta pedagógica;
* Objetivos mal definidos e aulas mal planejadas;
* As mesmas atividades para alunos fortes e fracos;
* Falta de atendimento as diferenças individuais;
* Falta de recursos adequados para as diferentes aprendizagens;
* Textos de leitura não atendem aos interesses do aluno;
* Falta de conhecimento teórico do professor, no que se refere aos distúrbios e dificuldades de aprendizagem;
 

 

Autismo: ainda um enigma

“Ele vive no seu próprio mundo.”

A frase é bastante utilizada para descrever de forma leviana pessoas distraídas, que dão pouca atenção ao que acontece ao seu redor. As mesmas palavras, entretanto, ganham um significado muito mais enfático quando se referem a um portador de autismo – uma desordem neurológica manifestada por uma tríade de sintomas: déficit de interação social, dificuldade de linguagem e comportamento repetitivo.
A imagem clássica da pessoa autista – reproduzida em filmes, livros e seriados de televisão – é a de um indivíduo indiferente ao ambiente que o cerca, balançando para frente e para trás, sem olhar nos olhos de ninguém, conversar ou demonstrar interesse por qualquer assunto. Como todos os estereótipos, essa representação do autismo não pode ser encarada como verdade absoluta.
Afinal, o autismo não é uma disfunção única, mas sim um espectro de problemas, que variam de intensidade e tipo. Uma criança com um autismo leve como a síndrome de Asperger, por exemplo, pode conversar, frequentar escolas normais e ter uma vida independente quando envelhecer. E é justamente por abarcar uma infinidade de comportamentos e sintomas secundários que médicos e cientistas preferem classificar o distúrbio, de maneira mais geral, como desordens do espectro autista (ASD, na sigla em inglês).
Como um dos principais sintomas do autismo é a dificuldade de interação social e de comunicação, torna-se um duplo desafio para pais, médicos, neurologistas, psicólogos e psiquiatras diagnosticar e tratar de crianças que apresentam esse comportamento. Não receber resposta a perguntas simples como ‘o que há de errado?’ e não conseguir estabelecer conexão com o filho ou paciente são situações cotidianas para pessoas que lidam de perto com o autismo. “É uma charada difícil de ser desvendada, e por isso decepcionante e frustrante”, comenta o neuropediatra Leonardo deAzevedo, do Instituto Fernandes Figueira (IFF-Fiocruz), no Rio de Janeiro.
DeAzevedo realiza estudos clínicos sobre o autismo, em especial sobre a relação entre o distúrbio e o sistema imunológico do seu portador. Além dele, outros pesquisadores e médicos do Laboratório de Neurobiologia e Neurofisiologia Clínica do setor de Neurologia do instituto têm as desordens do espectro autista como objeto de estudo, como é o caso do neurofisiologista Vladimir Lazarev e do neurologista Adailton Pontes, mais voltados para a neurofisiologia da desordem

Os vários autismos

De maneira geral, as desordens de espectro autista, que englobam uma grande variedade de comportamentos e problemas sob o ponto de vista clínico, podem ser divididas em dois ‘tipos’ de autismo. Obviamente, essa divisão é artificial e abarca em si outras muitas pequenas variações.
1) Síndrome de Asperger. Descrita pela primeira vez pelo pediatra austríaco Hans Asperger (1906–1980), é considerada uma forma de autismo mais branda. Seus portadores apresentam os três sintomas básicos (dificuldade de interação social, de comunicação e comportamentos repetitivos), mas suas capacidades cognitivas e de linguagem são relativamente preservadas. Na verdade, alguns até mesmo apresentam níveis de QI acima da média, motivo pelo qual a criança portadora da síndrome de Asperger é comumente representada como um pequeno gênio que descobre códigos e resolve enigmas. Entretanto, a síndrome de Asperger engloba aproximadamente 20-30% dos portadores de desordens do espectro autista.
2) Autismo ‘clássico’. É o tipo descrito pelo médico austríaco erradicado nos Estados Unidos Leo Kanner (1894-1981). Kanner foi o primeiro a utilizar a nomenclatura “autismo infantil precoce”, em um relatório de 1943, no qual [ele] descrevia 11 crianças com comportamentos muito semelhantes. O médico utilizou expressões como ‘solidão autística’ e ‘insistência na mesmice, que hoje são sintomas ainda tipicamente encontrados em pessoas autistas. Os portadores desse ‘autismo clássico’ têm comprometimento das capacidades cognitivas que varia de moderado a grave, além da dificuldade de interação social, de comunicação e do comportamento repetitivo. Os autistas chamados de ‘alto funcionamento’
3) Autistas do tipo regressivo. Essa variação no espectro de desordens autistas inclui aqueles que se desenvolvem normalmente até aproximadamente 1 ano e meio, e em seguida, até os 3 anos, sofrem regressão da linguagem e do comportamento tornando-se autistas.

É difícil precisar um tipo específico de tratamento para desordens do espectro autista, primeiramente porque elas são muitas e bastante variáveis. Há crianças autistas que simplesmente não falam; outras que repetem a mesma frase fora de contexto muitas vezes; há aquelas que não demonstram interesse por absolutamente nada, e outras que escolhem um assunto específico para se aprofundar. O espectro é, de fato, bastante amplo. Por isso, tanto psicanalistas como outros médicos e pediatras concordam que o melhor é um tratamento individualizado, de acordo com as limitações apresentadas por cada pessoa.

Esta é uma síntese da matéria. A reportagem completa encontra-se em: http://www.blogger.com/goog_357646085